Darkness, my friend
Ah, aconteceu de novo.
Aquela escuridão me consome por completa, entra em minhas entranhas, sobe pelo meu peito contraído, a respiração a cada momento mais difícil, subindo pelo meu pescoço e chegando ao meu rosto. Sobe mais um pouquinho e penetra em meus olhos castanhos escuríssimos e os machuca, os incomoda, os sufoca, até que saem as lágrimas maiores do que eu, e eu passo a me sentir como a Alice no país das maravilhas, naquele mar de lágrimas procurando uma saída.
Não há.
Volta a escuridão, minha confidente, minha melhor amiga. Abraça-me forte, um abraço que eu até apreciaria, se ela não fosse tão fria, mas que aprendi a suportar.
Não solta-me mais, até que depois de dias naquele mar, eu chego a beira da praia. Volto a respirar aos poucos, levanto-me com dificuldade. Depois de uns momentos, já estou bem de novo. Viva. Ando pela praia apreciando as ondas que já me afogaram, apreciando o nascer e o pôr-do-sol que mesmo sendo lindos não me salvaram.
Fico bem por dias, meses, e quem sabe conseguiria ficar bem por anos. Mas não consigo. Não sou forte o suficiente pra ficar naquela praia que poucos habitam. Os que habitam, ficam pouco comigo e logo se afastam procurando outro caminho. Sempre acabo ficando sozinha, desamparada, perdida naquela praia. Até que minha amiga escuridão volta, me preenche, e eu volto pro mar tentando achar o meu caminho. Esperando acordar em algum lugar em que não me perca. Um lugar que alguém me dê abrigo.
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