I declare myself guilty
Devo sentir-me culpada por os meus erros, e por meus acertos. Devo sentir-me culpada por ser mulher, por ser pequena, por ter pelo. Devo sentir-me culpada pro ser um ser humano; por respirar; por sujar; por limpar; por chorar; por ter o cabelo curto; por ter o sorriso desalinhado; por ter sentimentos; por ter coração; por ter um cigarro na mão.
Eles me fazem sentir assim. Fazem eu ter medo de usar incorretamente o português, medo de falhar, medo de falar. Medo de viver. E me sentir culpada por medo. Medo de ter medo, medo de me sentir culpada ou de não me sentir culpada.
Sinto-me culpada por essas repetições e por achar que sei escrever mas na verdade não sei. Pelo menos todos fazem questão de deixar claro isso. Mas ninguém aqui é Machado de Assis! Ninguém é melhor do que ninguém, mesmo achando que são. Na verdade, somos todos mediocremente humanos, nos sentindo culpados por tudo, tendo medo de tudo, culpando Maria, menosprezando José, sentindo superior a João e melhor que Antonio.
Todos escalam uns aos outros; pisoteiam quem estiver no caminho. É uma selva de corações de pedra. E tudo que eu faço continua lamentavelmente ruim aos olhos de fulano, ou de ciclano. Até os meus olhos começam a rejeitar lentamente tudo que faço.
Desculpe-me por ser assim. Desculpe-me por ser tão lamentavelmente ruim.
Mas não se preocupe, pois me declaro culpada.
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