Silêncio 21
Ando quieta demais esses dias e me sinto estranha. Sinto-me uma figurante na minha própria vida, como se não tivesse nenhum poder sob ela. Esse ano começou mais calado, mais vazio e despovoado, e, em contrapartida, comecei mais consciente de que precisava apenas de mim mesma para ser feliz. Mas não sei até que ponto isso é verdade. Bom, eu me sinto plena sozinha - finalmente! Eu sinto que agora é a hora de focar nos meus projetos pessoais, na minha militância, na minha carreira. Deixei boa parte das amizades (tóxicas ou não) dentro de um baú aos pés da cama, baú que nunca abro. Deixei o romance mais distante ainda, enterrado em algum lugar que nem me lembro onde.
2018.
É, cheguei até aqui.
Esse ano é o ano do fim de um ciclo e o início de outros. Já sinto toda a pressão em cima de mim, todo o estresse comendo minhas entranhas. Já sinto toda minha felicidade sendo consumida, mesmo eu lutando para que não seja.
2018.
Tenho medo do futuro, medo de envelhecer e perceber que perdi meu tempo em coisas que não me completaram ou agregaram.
Medo de cada vez me enterrar mais na minha própria companhia e não conseguir sair dela, apesar de estar bem confortável sozinha.
A vida parece mais fácil quando você aprende a remar em um barquinho que comporta apenas você. Parece que, desta forma, não terá ninguém para te sugar ou magoar. É só você.
É, eu ando quieta demais esses dias, reflexiva, e com saudades de ser querida. Sinto que não pertenço a nenhum lugar além do meu casulo. Mas, pela primeira vez em anos, eu estou em paz em não ter ninguém. Não estou em busca de nada, só tentando sobreviver ao capitalismo patriarcal todos os dias. Não estou mais em busca de um amor. Estou tentando encontrar o que sempre busquei nos outros, em mim mesma.
Não sei o que esse ano me espera, mas torço que realize o que sempre quis e que colha relacionamentos mais leves do que os anteriores. Espero não sofrer desesperadamente por alguém ter saído da minha vida, e sim, abrir a porta e dizer: vá, eu fico melhor sem você.
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