Your unknown face.


   Me contorço pra ver se sai alguma coisa. Alguma palavra. Alguma lágrima. Nada sai mais. Estou seca e não consigo dizer nada. Não consigo dizer como sinto sua falta. Como estou arrependida de ter dito certas coisas. Como preciso de você. Como estou afundando sozinha no próprio mar que enchi com minhas lágrimas, já há muito tempo derramadas.
Minhas palavras já te cortaram um dia, e deixaram você na beira da praia, sangrando. As suas já fizeram a mesma coisa comigo. Mas agora já não resta palavra nenhuma a ser dita.    Ou haja palavras, mas que não queremos dizer. Talvez assim, pensamos que podemos esquecer.
   As palavras secam, mas não morrem.
   Elas sempre vão estar aqui. Por mais que eu me contorça e não saia nada. Talvez elas só estejam presas e secas demais pra saírem.
   E os dias escorrem entre meus dedos mas palavras não saem. Nenhuma palavra com algum significado.
   E até o dia que eu me esqueça do seu rosto e seu nome, as palavras estarão aqui, e vou me arrepender de não ter as dito. Mas vou lembrar que não conseguia dize-las, e tentar me perdoar por isso. E vou querer me desculpar contigo, mas como vou me desculpar com alguém que tem rosto e nome esquecidos? Desconhecidos?
   Não vou.
   E você vai morrer com a mesma sensação. 

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